Há em mim um silêncio que me fala de ti…
uma brisa murmurante que me envolve …
suave ternura que me afunda num abismo mágico.

Há em ti uma solidão que me prende num êxtase astral,
como se tu e eu fossemos pó da mesma estrela, fragmentos soltos que anseiam pela união, agora desfragmentada.

Há em ti uma sedução calada que ondula no meu corpo sem forma, um magnetismo inusitado que me transporta ao mundo dos sonhos e das névoas. Ouço-te na penumbra do meu ser, elevas-te numa melodia lunar que me preenche os vazios da alma e sorrio porque sei que sentes o mesmo. As letras cintilantes invadem horizonte, enlaçam-se num abraço de saudade…crescem em palavras que não podemos pronunciar neste tempo…

Há em nós um espaço sideral onde nos inventamos, o meu quarto é o teu quarto, as minhas mãos são as tuas…os nossos corpos são um (uni) verso. Neste espaço, não há ausência…as pálpebras da noite abrem-se num enlevo de alma…trazem-nos a presença um do outro.

Tu só existes em mim, e eu em ti, porque só eu te sinto e só em mim tu te sentes.

Somos rimas do mesmo poema e juntos sorrimos quando as estrelas o declamam no universo.

Patricia Romiti

Mistérios sem fins

Nas fronteiras do sonho e da imaginação,
dançam com carinho, em asas de luz douradas,
Vento e Brisa,
Sol e Lua,
Vento-Sol e Brisa-Lua,
Menino e Menina,
cujos corações se uniram em vôo, planando por esta vida,
envoltos em reminiscências
e nas surpresas do presente…
No céu, brincam as nuvens,
formando imagens que enfeitam sonhos infantis.
Brilhantes oceanos, formados pelos rios de duas vidas
que correm para o infinito do encontro,
onde flutuam todos os sentimentos que banham a emoção.
Queriam conquistar universos…
impressos em versos

Quando suas mãos se unem em linhas gêmeas,
pequeninos fragmentos de recordação
formam o mosaico grandioso da união
Onde os dedos maestros regem, juntos,
uma sinfonia peculiar e única que compõe
os poemas dedilhados com amor na palma da alma.
Visões alucinantes do paraíso,
horizontes brilhantes
numa imagem querida,
num pensamento
plácido como a face de um lago
encantador e eterno,
como um momento mágico,em que,
por uma coincidência no aparente teatro do acaso,
Deus tece seus milagres da vida,
compondo o tecido do destino.
Espíritos complementares e afins, sem fins…

Patricia Romiti de Aragão Reis

Mistérios do sentir

A  voz da faca no espelho

canta acordes de palavras  aniquiladas

o som do oco ecoa

calado na noite

que  dorme sem estrelas

em dunas de calafrios e açoite

solavancos do sentir soluçam

 em espasmos de ausências

As páplebras caem no abismo das brumas

Vultos vagam nos corredores

nebulosos do pensamento

Onde os espinhos da consciência

 passeiam emaranhados

pelo réu da lembrança.

Resta a lágrima que grita da boca dos olhos

Patricia Romiti de Aragão Reis